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Casa dos Açores promoveu comemoração do "dia açoriano" em TorontoPor Rómulo Ávila Sol Português
A Casa dos Açores do Ontário (CAO) mostrou, mais uma vez, que a açorianidade pode ser evocada tanto dentro do arquipélago como fora, chamando a si a honra e a responsabilidade de comemorar em Toronto o Dia dos Açores. A data, que oficialmente se assinalou na segunda-feira de Espírito Santo e que este ano incidiu a 29 de Maio, foi alvo de comemoração no passado sábado (3) pela comunidade açoriana local, que acorreu à sede daquela colectividade. Numa noite onde as nove ilhas do arquipélago estiveram representadas através de imagens projectadas na parede e no bater de cada coração onde a lira, o pezinho ou a chamarrita picarota estão sempre presentes, as cerimónias abriram com a entoação dos hinos do arquipélago, de Portugal e do Canadá. | |||||||||
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Ao longo do serão falou-se do Pico e do Faial, da proximidade destas ilhas irmãs do canal, mas diferentes, falou-se de São Miguel e Terceira, e suas particularidades, das ilhas das Flores e do Corvo, onde as gaivotas, mesmo em terra, se sentem no céu, não deixando se serem lembradas também São Jorge, Graciosa e Santa Maria por quem mais as tem no coração. Nessa noite, e a propósito das nove ilhas representadas pelo azul e branco da sua bandeira, as recordações voaram para os sabores e para a ternura das hortênsias ou para o coração ardente das caldeiras, não deixando nenhuma esquecida. Na cozinha da CAO, as voluntárias atarefadas prepararam um belo repasto para os mais de 120 convivas que ali se juntaram para celebrar, mas merecem destaque a batatinha assada com pimenta da terra, e o queijo branco, ladeado com a pimenta micaelense, que a todos fez as delícias. Destaque também para os tremoços que, embora não tendo sido cozidos nos grandes caldeirões, como se faz em São Jorge, fizeram a todos recuar no tempo e provar um "pouco dos Açores" em terras canadianas, não faltando também o pão-de-milho bem amarelo, como se estivesse a sair de um qualquer forno, de uma qualquer casa da ilha do Pico. O dia, estrategicamente escolhido pela equipa de trabalho da CAO, incidiu na véspera da comemoração da Santíssima Trindade do Espírito Santo, efeméride que faz bater fortemente o coração do provo açoriano pela fé que com ele nasceu e que o acompanha até à morte. Nessa noite, numa demonstração que foi surpresa para praticamente todos os que se encontravam na sala, a CAO apresentou uma tradição genuinamente açoriana, mais propriamente da vila de Rabo de Peixe, num "terreiro" improvisado em plena sala. Falamos de uma dispensa (baile típico açoriano) que divertiu o público durante uma boa parte do serão, não faltando a execução doutras modas regionais ao ritmo de acordeão, castanholas, violão e viola da terra – o tal instrumento que a tradição diz ter dois corações: o de quem fica na terra e o de quem parte. | |||||||||
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Em declarações ao jornal Sol Português, a presidente do Executivo da CAO, Suzanne da Cunha, explicou que o Dia dos Açores é uma comemoração importante para a comunidade, mas também para si, a nível pessoal. Nascida no Canadá mas criada no seio duma família açoriana com, como diz, "pais e avós que nunca se esqueceram de onde vieram" e que tentarem passar-lhe e ao irmão a cultura das ilhas "através da gastronomia açoriana, das tradições do Divino Espírito Santo e da música", alerta para o facto de que "é muito fácil quando estamos integrados num país tão multicultural como este de, às vezes, esquecermos as nossas origens". Por isso mesmo considerou esta celebração "uma mais-valia" e disse fazer questão de continuar a mostrar também aos seus alunos e às gerações mais novas que tem orgulho em ser açor-descendente e portuguesa", procurando passar-lhes "a vontade de conhecerem as suas origens, e de terem orgulho em serem luso-descendentes não só quando há um jogo de futebol". A propósito do que ali se observou nessa noite, referiu-se à demonstração do baile tradicional como uma "oportunidade de apresentar uma dispensa típica dos Açores e executada por duas gerações: os açorianos de nascença e os filhos de açorianos". Como salientou, "isto para mim foi um grande momento e quero referir a importância do nosso grupo folclórico, Pérolas do Atlântico, pois tem de continuar a ser a união entre as gerações, de tradições e ao mesmo tempo tentar acompanhar a evolução do tempo e as necessidades da nossa comunidade actual". Também Odília Andrade Janeiro, que se apresentou trajada a rigor de "mulher açoriana", era o rosto da felicidade pois a si coube a tarefa de organizar aquela pequena demonstração do "ser Açores". | |||||||||
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"Esta tem de ser a missão da nossa Casa: levar as nove ilhas a quem escolheu viver e trabalhar no Canadá", ressalvou a vice-presidente do Executivo à nossa reportagem, lembrando que a colectividade tem "as portas abertas a todos, mas ser açoriano ou açoriana é algo que nos faz sentir especiais; é algo que não se consegue descrever". "Ser de qualquer uma das nove ilhas é sermos filhos e filhas do mar, e é crescer e aprender que a natureza é que nos ensina a viver", diz convicta, acrescentando que "as nove ilhas só ficam completas com a diáspora açoriana e nós, enquanto pudermos e tivermos forças, vamos honrar e lembrar sempre a nossa querida região". A nossa reportagem auscultou igualmente a presidente da Assembleia-Geral e tesoureira da CAO, Fátima Bento, que realçou que o Dia dos Açores é uma ocasião especial, em que se celebra "a identidade dos portugueses com o privilégio de terem nascido em uma das lindas ilhas dos Açores, sendo assim chamados de açorianos". "Sentimo-nos satisfeitas porque o nosso convite para esta celebração foi aceite e correspondido pelos açorianos, mas também pelos que, em alguns casos, não são nem sócios, nem açorianos, mas são amigos dos açorianos e simpatizantes desta colectividade", indicou a representante máxima da casa, que deixou a todos um "profundo agradecimento que é extensivo à Comunicação Social que nos apoia". O serão musical viria a ser animado ainda com música a cargo do DJ Nazaré Praia, mais conhecido por Brites, que há mais de quatro décadas acompanha muitas das festas e convívios da comunidade lusa. Por fim, a noite terminaria com os habituais sorteios e leilões que garantem o sucesso económico deste género de iniciativas, porque a CAO, tal como os outros clubes portugueses, não vive de ar, de palavras e de boas intenções. | |||||||||
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