Festa dos Tabuleiros inscrita no inventário
de Património Cultural Imaterial
A Festa dos Tabuleiros, em Tomar, foi inscrita no Inventário Nacional de Património Cultural
Imaterial, segundo um anúncio publicado no mês de Maio em Diário da República, após o período de consulta pública.
O anúncio está datado de 19 de Abril e é assinado pela subdirectora-geral do Património Cultural
Rita Jerónimo.
"A inscrição da `Festa dos Tabuleiros' no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial
[
] [destaca] a importância de que se reveste esta manifestação do património cultural imaterial enquanto
reflexo da identidade da comunidade envolvente e os processos sociais e culturais nos quais teve origem e
se desenvolveu a manifestação do património cultural imaterial na contemporaneidade", pode ler-se no
anúncio publicado.
A fundamentação científica para integrar a Festa dos Tabuleiros no Património Cultural Imaterial
nacional foi entregue em 31 de Julho de 2019, invocando a antiguidade e o facto de esta ser "uma festa única no
país e no mundo", ser "do povo, feita pelo povo e para o povo", como realçou, na altura, a presidente da
Câmara de Tomar, Anabela Freitas.
Com origem pagã, simbolizando a época das colheitas, a Festa dos Tabuleiros adquiriu carácter
religioso na Idade Média, com a Rainha Santa Isabel, sendo os tabuleiros da festa de Tomar únicos com esta forma
nas tradicionais festas do Espírito Santo que se realizam um pouco por todo o país.
Anabela Freitas declarou, então, que a entrada no inventário nacional do Património Cultural
Imaterial daria início a uma nova fase, a da preparação de uma candidatura a Património Imaterial da Humanidade
da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, na sigla em inglês).
A candidatura continha informação de carácter histórico e etnográfico, atestando a dinâmica actual
da prática social, e "as dinâmicas que a tradição conheceu no âmbito da sua génese e transmissão ao longo
das gerações", disse, na altura, à Lusa, André Camponês, do Instituto de História Contemporânea (IHC),
que coordena cientificamente o projecto de candidatura.
No trabalho de preparação foram recolhidas informações, depoimentos e documentos sobre a Festa
dos Tabuleiros, preparadas propostas de salvaguarda, como "os registos vídeo e fotográficos de profissões
em vias de extinção, como o latoeiro ou o cesteiro, para que possam ser replicados no futuro, ou a criação de
um Centro Interpretativo da Festa".
Segundo André Camponês, a data mais antiga que documenta a existência da Festa dos Tabuleiros
(então designada Festa em Honra do Divino Espírito Santo) é de 1844, informação obtida no livro de Actas
e Contabilidade da Academia Philarmónica Tomarense (já desaparecida), e o testemunho mais antigo da
Festa do Espírito Santo em Tomar é a Coroa da Asseiceira de 1544.
Dada a sua complexidade, a festa realiza-se de quatro em quatro anos, tendo havido apenas uma
edição em que o povo decidiu adiar a sua realização por um ano, por coincidir com a Expo 98, evento no qual
participou com um cortejo a convite do então Presidente da República, Jorge Sampaio.
A última festa realizou-se em 2019, pelo que este ano, de 1 a 10 de Julho, a Festa dos Tabuleiros
regressa às ruas de Tomar, na sequência da decisão tomada pelo povo no ano passado.
O anúncio da festa será feito no domingo de Páscoa, a 9 de Abril, com a primeira procissão das
Coroas e Pendões do Espírito Santo, seguindo-se mais seis "saídas de Coroas" com percursos diferentes,
para percorrer todas as ruas da cidade.
No dia 2 de Julho realizar-se-á o Cortejo dos Rapazes, no dia 5 serão abertas as ruas ornamentadas, a
7 acontecerá o Cortejo do Mordomo, a 8 os cortejos parciais dos tabuleiros, a exposição de tabuleiros na
Mata dos Sete Montes e a final dos jogos populares, decorrendo dia 9 a Procissão das Coroas e Pendões do
Espírito Santo e o Grande Cortejo dos Tabuleiros, com a festa a culminar no dia 10 com a distribuição da Pêza ou Bodo.
TDI (MLL/MYF) // SB | Lusa
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