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Prémios de mérito e bolsas de estudo para jovens marcaram jantar de gala da ACAPO

Por Rómulo Ávila

Sol Português

O salão nobre da LIUNA Local 183 foi pequeno para acolher os participantes do jantar de gala da Aliança dos Clubes e Associações Portuguesas do Ontário (ACAPO), evento que teve lugar no fim da tarde de sábado (4) e que teve como ponto alto a entrega de bolsas de estudo a jovens estudantes, bem como prémios de mérito a entidades cuja actividade foi considerada distinta.

Após a recepção dos convidados, feita mesa a mesa e clube a clube, a mestre de cerimónias, Katia Karamujo – que é também presidente do Conselho de Presidentes da ACAPO – dava início ao encontro que prometia marcar o reinício da vida activa após o período pandémico para esta organização de cúpula que representa grande parte das associações e clubes portugueses no Ontário.

As suas palavras não deixavam escapar a emoção do momento, caracterizando-o de "histórico" e um "novo começo", ainda para mais num ano com a importância de 2023, data em que se comemoram os 70 anos da emigração portuguesa oficial para o Canadá, como destacou.

Pouco depois foi a vez de José Eustáquio, na sua função de presidente executivo, se pronunciar, começando por agradecer "o trabalho de todos os clubes e associações portuguesas no Ontário que fazem parte da Aliança" e que, como afirmou, "resistiram a todos os contratempos e cá estão a mostrar a força da cultura portuguesa e de um país unido fora de Portugal".

"Esta gala é histórica, pois estamos aqui reunidos: clubes, associações, convidados, juventude e menos jovens, para mostrar que, mais do que nunca, estamos vivos e estamos cheios de força", clarificou José Eustáquio, numa das suas várias intervenções dessa noite.

O líder executivo da ACAPO esclareceu ainda que "as bolsas de estudo que vão ser atribuídas a um vasto número de jovens associados dos nossos clubes membros e também o reconhecimento do mérito de alguns vêm mostrar a diversidade da nossa comunidade, que nos últimos anos se reergueu para enfrentar o futuro".

Fazendo referência também a alguns apontamentos acerca da Semana Portuguesa e do Dia de Portugal – 10 de Junho – José Eustáquio pediu a "colaboração e o envolvimento de todos" nos eventos que se irão realizar.

Depois disto, e num momento particularmente carregado de emoção, foi apresentado novamente o projecto para a construção do lar de idosos a cargo da Instituição de Caridade Magalhães, cabendo a Sérgio Ruivo, membro do quadro da Fundação encarregue da obra, fazer o ponto de situação, pedindo "a ajuda de todos" para que seja um sucesso.

A esta altura a emoção tomou conta da sala, com José Eustáquio a dar o seu próprio exemplo de vida familiar ao explicar que a mãe "teve de ser colocada num lar onde não há cheiro a comunidade portuguesa, onde não há língua e cultura portuguesa, onde não há nada do nosso país" e que "isto é preciso mudar e só vai mudar com a construção do sonho Magalhães – vamos ajudar, vamos todos juntar as mãos", apelou.

Depois dos agradecimentos à comunicação social presente, onde o jornal Sol Português não foi excepção, Michelle Madeira procedeu à interpretação do hino canadiano, seguindo-se Isabel Sinde que cantou "A Portuguesa".

A deputada federal Julie Dzerowicz também faria uma pequena intervenção para agradecer o contributo "de Portugal e dos portugueses na edificação do Canadá" e fez votos de que continuem a ser um elemento importante no tecido social e cultural do país.

Outra das intervenientes nessa noite foi Ana Bailão, que embora seja já vista por muitos como candidata à presidência da Câmara Municipal de Toronto, se limitou a deixar escapar a esse propósito a frase: "É hora de devolver a Toronto tudo o que esta cidade fez pela minha vida".

Sem querer ir mais além nas suas palavras, disse querer "apenas aproveitar o momento para enaltecer toda a comunidade portuguesa, todos os membros das direcções, todos os voluntários que mantêm as portas abertas de todos os clubes e associações portuguesas".

Segundo afirmou a propósito daquele serão: "Aqui reconhece-se o passado, mas projecta-se o futuro com este presente, com jovens brilhantes que podem e devem dar tanto de si, quer à comunidade, quer à cidade de Toronto".

Pouco depois, e antes de apresentar o administrador da LIUNA Local 183, Jack Oliveira, que seria o próximo orador, José Eustáquio realçou que aquele sindicato da construção civil "foi determinante" ao apoiar muitas das associações portuguesas durante o difícil período marcado pela pandemia de covid-19.

Como afirmou, "o facto da LIUNA Local 183 continuar a apoiar e a ajudar (através de subsídios) muitas associações filiadas na ACAPO, em momentos complicados, sem actividade, financeiramente drásticos" foi mais uma forma através da qual o sindicato "mostrou a sua liderança".

Jack Oliveira, por seu turno – primeiramente sozinho e depois acompanhado pelo seu quadro executivo – realçou a importância das bolsas de estudo que nessa noite a ACAPO e os clubes e associações suas associadas se preparavam para entregar aos jovens, lembrando que "a LIUNA abre sempre a porta ao futuro a quem com a sua formação vai permitir construir o Canadá de amanhã".

O sindicalista luso-canadiano, que está no Canadá há 50 anos, sublinhou que a educação é uma área que a LIUNA "leva muito a sério" já que, como lembrou, todos os anos distribuem as suas próprias bolsas de estudo da Local 183, cujo valor atinge, colectivamente, "cerca de 750 a 800 mil dólares por ano".

"A formação da nossa juventude é muito importante", afirmou, mas não menos importante é que os jovens "não deixem esquecer as tradições de Portugal", que considerou serem "não só importantes para a comunidade mas também para este país em geral".

No decorrer da noite, e para além da entrega de 21 bolsas de estudo a alunos luso-descendentes através dos vários clubes e associações portuguesas, com o apoio do sector empresarial local, foram ainda entregues três prémios de mérito – dois deles a entidades individuais e um a um grupo.

A ex-dirigente da Casa do Alentejo, Teresa de Sousa, e o presidente da Luso Canadian Charitable Society (LCCS), Jack Prazeres, foram os dois dirigentes comunitários reconhecidos pela ACAPO pelo seu contributo e relação com a emigração luso- canadiana, enquanto que o terceiro galardão foi concedido de forma colectiva à Direcção da LIUNA Local 183, liderada por Jack Oliveira.

Teresa de Sousa confessou que não esperava este reconhecimento, concedido pela sua actuação ao ajudar a Casa do Alentejo a confeccionar durante o período da pandemia cerca de 10.000 refeições que foram servidas aos mais necessitados, pois o que fez foi "do fundo do coração".

Já Jack Prazeres, que através da LCCS ajuda adultos portadores de deficiências, grande parte portugueses ou luso-descendentes, e foi galardoado pelo seu trabalho "comunitário e cívico", considerou o prémio "muito importante", mas considerou que este se deve sobretudo à "família, amigos, directores e às direcções" a que pertence.

O serão foi abrilhantado pela actuação da jovem Nádia Cubita, que com três temas apenas mostrou que há jovens com muita qualidade na música portuguesa.

Outro momento marcante foi a angariação de fundos através desta gala da ACAPO para o Centro Magalhães, de que resultaram cerca de 45.000 dólares provenientes de sindicatos ligados à LIUNA e destinados à construção daquele que será o primeiro lar prestador de cuidados a longo prazo para idosos de expressão portuguesa no Canadá.


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