1ª PÁGINA


Casa dos Açores do Ontário:

Danças de Páscoa animaram sábado de "Aleluia"

Por Rómulo Ávila

Sol Português

A Casa dos Açores do Ontário (CAO) encheu-se na noite de sábado (8) para receber a visita de seis danças pascais, género de teatro popular de cariz açoriano e alusivo à quadra.

O encontro foi organizado por José de Lima, em estreita colaboração com a direcção da CAO e ao longo do serão dançou-se, teatralizou-se e cantou-se até quase ao nascer do sol de Domingo de Páscoa.

O bailinho da Casa da Madeira, "A Dança Delas", abriu as actuações, fazendo uma sátira acerca da transmissão dos bailinhos e danças pela internet, afastando as pessoas dos salões de festa.

Seguidamente, a comédia dos Rapazes de Montreal animou os presentes, tocando em vários acontecimentos e personalidades da comunidade luso-canadiana, levando todos a rir com gosto.

Entre rifas, sorteios, cheiro a favas guisadas e bifanas, tempo para subir ao palco a terceira actuação da noite, a Dança da América, "Maria e Manels" que, após oito horas de viagem, encantaram os convivas, promovendo alegria e muitos sorrisos, abordando como tema a viagem de muitos emigrantes às ilhas dos Açores que se "fazem grandes, mas que cá vivem com dificuldades".

José de Lima, rosto da organização responsável pela realização do serão dedicado às Danças Pascais, ou melhor dizendo, Danças de Carnaval adaptadas ao tempo de Páscoa, evidenciou "a tradição e o esforço da comunidade em manter viva a cultura terceirense em terras do Canadá" ao dirigir-se ao público.

"Agradeço a todos aqui presentes. Agradeço aos jovens que estão nos bailinhos e nas danças, agradeço a todas as Direcções e a quem faz as letras, as músicas, os assuntos, as roupas, e por se dedicarem de corpo e alma à cultura", afirmou.

Em curtas palavras, disse querer agradecer ainda "a todos os que compareceram nos salões para ver esta linda e única tradição terceirense", que, pela sua parte, prometeu nunca deixar morrer.

Algum tempo depois registava-se a quarta actuação dessa noite de sábado de Aleluia, uma Dança de Espada trazida pelo grupo do Centro Cultural Português de Mississauga (CCPM).

Uma dança de espada denota sempre um assunto triste e esta levou à cena a tragédia vivida por muitas famílias da "ilha toureira", que perderam familiares e bens no terramoto que devastou a Terceira no dia 1 de Janeiro de 1980.

Também do CCPM, Os Rapazes do Centro Cultural Português de Mississauga foram os quintos a actuar, satirizando e levando às lágrimas – mas de gargalhadas – o público que assistia na Casa dos Açores do Ontário, abordando a realidade de muitos idosos colocados em "residências para a terceira idade".

Os últimos a subir ao palco foram os elementos da Dança dos Amigos das Tradições Terceirenses que "brincaram" acerca das ganadarias terceirenses que existem em terras canadianas, dizendo quererem, no final de contas, realizar uma tourada à moda dessa ilha, mas que cá "falta quase tudo".

Certo é que, no final da noite, satisfação era a palavra que melhor descrevia o sentimento de todos, quer dos que ali foram assistir, quer da organização: as danças e os bailinhos de Carnaval, neste caso de Páscoa, estavam de regresso aos palcos luso-canadianos depois da longa paragem forçada devido à covid-19, anos que foram vividos com tristeza pela ausência destes espectáculos de teatro popular.

Cá, como lá, as danças terceirenses "são feitas pelo povo e para o povo" e, pelo que se verificou, têm continuidade assegurada.


Voltar a Sol Português