PENA & LÁPIS


Correspondente do Brasil:

"A Fronteira"

Uma viagem em torno da Rússia

Por Francisco G. Amorim

Sol Português

Toda a gente sabe que um dos mais importantes, e gratificantes, "presentes" que a vida nos proporciona são os amigos que se vão aproximando, uns desde a mais tenra idade, outros que só muito tarde apareceram. Amigos que permanecem "ad aeternum!

Mas como é bom ter amigos. E Amigos só existem os que sempre se escrevem com maiúscula, e que duram para sempre, quer os tenhamos conhecidos há... quase um século, como os que surgiram poucos anos faz, mas todos são os que nos dão suporte ao coração e muita alegria sempre que podemos estar juntos.

Faz poucos dias um deles, que mora longe do Rio de Janeiro, apareceu mesmo numa visita tipo "relâmpago" – os seus compromissos não o deixaram estarmos mais tempo a falar, falar, falar...

Fica a alma mais aliviada, porque as saudades a vão deixando pesada, até por vezes triste, quando temos quase toda a família espalhada por esse mundo e poucos, pouquíssimos, amigos por perto.

Esta última visita trouxe-me, além do principal – um forte abraço – um livro, sabendo que eu gosto de história (e toda a história tem um quanto de política e de geografia), escrito por uma jornalista norueguesa, Erika Fatland*, que percorreu uns 60.000 quilómetros para viajar ao longo da fronteira da Rússia, tanto pelo Oceano Árctico e Mar de Barents como por mais de 14 países e umas quantas Repúblicas que se têm vindo a dividir (com a ajudinha dos russos...).

Levou quase três anos em viagem (Deus e ela sabem o que passou!) e de todos os países fez um retrato actual (2017) e muita história sobre quem é quem e onde, o que deu para preencher quase 700 páginas que se lêem com muito interesse e onde, não só eu mas quem se atrever o lê-lo, aprenderá muito sobre esses países que estão para lá dos Urais – países novos, etnias inúmeras, influências do Ocidente nalguns lugares que não se imaginava.

Enfim, é um livro para ler duas vezes (com uns meses de intervalo!!!) porque não há como guardar na memória tanta história, tanta luta, tanto problema. E uma mão cheia de atraso.

Não há como comentar algumas das páginas de mais interesse, porque muitas seriam e poderia ser acusado de plágio.

Para mim, além do interesse por tudo isso, ficou a certeza de que não é só a idade que me impede, agora, de ir visitar qualquer dessas regiões. Para ver ditaduras, corrupção, povos tristes e pobreza prefiro ficar por aqui mesmo, onde os problemas em vez de se estarem a resolver se estão a agravar e multiplicar.

Recomendar a leitura? Sem dúvida. Editora Âyné.


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