PENA & LÁPIS


No crepitar de sentimentos

Por Inácio Natividade

Sol Português

Quando vejo no céu uma ave no seu voo solitário pergunto-me o motivo do desgarrado, ousado, circunspecto da solidão. O voo rasante, num vasto céu nu e por vezes carregado de nuvens ameaçadoras, não sendo inédito, poderá não ter uma motivação plausível ou talvez sim. Estamos habituados a ver gaivotas a desenhar o céu em "V", o desalinhamento com os seus ruídos apocalípticos a rasgar o ambiente continua intrigante.

Não me sinto desalinhado, nem com vontade de sorrir todos os dias por estar vivo; nem perco o entusiasmo por isso. No crepitar dos sentimentos e recordações, o que me faz sentir vivo é a predisposição em descer o dedo no teclado contra o cinismo, o racismo e qualquer inimigo que desponte no horizonte da caminhada.

As aves têm a sua forma de se exprimir, assim como o homem ou outro animal tem liberdade de gritar, se assim o entender, e de andar desalinhado. Andar desalinhado pode ser uma opção quando a política e a democracia criam os seus deuses para nos separarem de Deus.

Não me sinto bem a viver como se estivesse a adiar um reencontro com o divino. Se eu estou vivo, numa altura em que todos julgamos ser rei de alguma coisa, salta à vista que não somos nada. Viver o passado nunca mais, por esse nunca mais voltar. Todo o passado acabou.

Não tenho inveja dos ricos, por saber que por detrás de tanta ostentação de riqueza há quase sempre muito crime omitido. O que me entristece é saber que o triplo da população mundial é pobre e os media apenas se debruçam falando dos ricos.

A democracia pode ser um permeio para um tipo de governação ideal, mas não o fim. Para que uma democracia funcione em pleno, os políticos deveriam ser todos sérios e altruístas.

Na América, há milhões de cidadãos ostracizados, abandonados, desempregados, em reformatórios e no cárcere. Há muita gente desalinhada do sistema por já não acreditar no sistema.

A abstenção eleitoral cresce em todo lado, pela vontade se esfumarem com o rolar do tempo. O tempo virtual tirou-nos a iniciativa de sermos nós, para obedecermos a uma máquina insensível que nos dita o que fazer. Os partidos políticos são um lixo e os que nos governam ainda pior.

Deixei de ver certos noticiários. Que horror de comentaristas tendenciosos. Se tivéssemos de olhar o mundo segundo as perspectivas desses alucinados caía-mos todos num barranco.

Anda tudo disfuncional. O mundo não precisa dessas porcarias que apenas empobrecem a qualidade intelectual do consumidor.

Rastejamos para obedecer às máquinas, por mais complicadas que sejam, em nome da propaganda política a usar a tecnologia da informática, a dividir por raças e credos. Usa-se a tecnologia da informática para vigiar e conhecer as tendências do mundo, mais do que para servir as comunidades.

A política e as suas incongruências tornou-me um céptico. O meu voto é nulo. Se a ciência revela a grandeza de Deus, pode revelar sobre o pecado e suas consequências. Se criamos, alcançamos um patamar diferente, mais próximos da revelação, mas apenas chegaremos aí com a redenção dos efeitos do pecado. Chegará o tempo em que as igrejas irão fechar e a missa será só no plano virtual.

Durante a covid-19, a África não precisou da Europa nem dos Estados Unidos para nada, assim como boa parte de países da América do sul e Ásia que preferiram vacinas chinesas e russas. Mas onde morreu mais gente foi na América e na Europa.

Mais uma vez, como forma de concorrência desleal, os americanos fazem boicote a produtos da Huawei e como sempre a Europa seguidista e o Canadá fazem o mesmo. Quem ficou a ganhar foi o continente africano, a Ásia e a América latina, que mais consomem os produtos tecnológico da marca, desde smartphones, internet, computadores e televisão, incluindo todas as comunicações electrónicas com a sua rede 5G.


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