PENA & LÁPIS


Falta de preocupação com questões municipais diárias evoluiu para colocar Toronto em estado de desintegração

A próxima eleição municipal é o momento chave para mudar o futuro da cidade

Por Idalina da Silva

Sol Português

Bem-vindos ao início da eleição suplementar para a presidência da Câmara Municipal de Toronto. Até ao final da última semana havia já 34 candidatos inscritos para concorrerem ao cargo principal da cidade de Toronto.

Os candidatos actuais incluem os ex-vereadores Ana Bailão e Giorgio Mammoliti, os actuais vereadores Josh Matlow e Brad Bradford, a deputada provincial Liberal Mitzie Hunter, o ex-chefe de polícia Mark Saunders e o urbanista Gil Penalosa, entre outros. Há ainda rumores de que a ex-deputada provincial do partido NDP, Olivia Chow, também está a ponderar entrar na corrida.

Na realidade são muitos nomes para os eleitores se lembrarem e a lista de candidatos na altura das eleições provavelmente será ainda maior.

Até agora, parece que o tema principal em torno destas eleições é a segurança no sistema de transportes públicos de Toronto e a preocupação com os actos aleatórios de violência e alguns candidatos já anunciaram as suas intenções e planos para melhorarem a segurança nos transportes na capital do Ontário.

Brad Bradford apresentou um plano que inclui a instalação de barreiras com portas para acesso às carruagens nas estações do metro, a instalação de serviço das redes de telemóvel em todas as estações, reforço da segurança e a criação duma nova agência para prestar auxílio em situações de crise mental e emocional.

Enquanto isso, Josh Matlow anunciou que pretende criar um fundo comunitário de saúde e segurança no valor 115 milhões de dólares para dar resposta às causas básicas dos crimes violentos na cidade.

Ana Bailão, por sua vez, concorre para construir mais casas e "consertar coisas" que considera estarem erradas. A luso-canadiana apresentou um plano alternativo à controversa proposta do empreendimento sugerido pelo primeiro-ministro provincial, Doug Ford, para a construção de um Spa de luxo no Ontario Place, propondo antes transferir o Ontario Science Center (OSC) para aquele local, que assim continuaria a ser um terreno público.

Ana Bailão sugere também a construção de 5.000 novas residências, entre elas 1.500 de preço acessível, nos terrenos onde actualmente está localizado o centro de ciências OSC e que pertencem ao município de Toronto.

Ana Bailão, que no tempo de John Tory actuou como vice-presidente e foi a principal responsável pela habitação, disse ainda que pressionaria o governo do Ontário para assumir a responsabilidade pela manutenção das auto-estradas Gardiner Expressway e Don Valley Parkway, uma proposta que já anteriormente havia sido feita por Tory e rejeitada pelo governo provincial.

Em resposta às preocupações com a segurança nos transportes públicos, a luso-canadiana prometeu cancelar os contratos da Câmara com as principais operadoras de telecomunicações se as empresas se continuarem a recusar a fornecer serviço de telemóvel na rede do metro de Toronto.

Seja qual for o candidato escolhido pelos eleitores, o próximo presidente da Câmara terá que pagar pelas suas ideias ousadas, uma tarefa assustadora numa cidade que, após a pandemia, se debate com um défice orçamentário de quase 1.000 milhões de dólares.

Além de terem de definir as suas plataformas eleitorais ao longo das próximas semanas, os candidatos vão ter de explicar exactamente como pretendem lidar com o rombo financeiro no orçamento municipal. Mesmo a proposta mais sólida deixa de ter força se os residentes não votarem nela.

A meu ver, a surpreendente renúncia ao cargo em Fevereiro pelo então presidente da Câmara de Toronto, John Tory, não só desencadeou esta eleição marcada para 26 de Junho para escolher o seu substituto, como deu oportunidade aos torontinos de votarem no futuro da cidade e escolherem um novo rumo para Toronto.


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