SAÚDE & BEM ESTAR


Desenvolvido antioxidante com potencial para combater doenças neuro-degenerativas

Investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) desenvolveram um antioxidante com potencial de se tornar num fármaco para combater doenças neuro-degenerativas, foi na passada semana anunciado.

No estudo, publicado na revista científica Journal of Medicinal Chemistry, os investigadores descrevem o desenvolvimento de um antioxidante "candidato a fármaco" para as doenças neuro-degenerativas.

Citada no comunicado da FCUP, a investigadora Fernanda Borges esclarece que para combater as alterações provocadas pelo `stress' ao nível da mitocôndria, um oxidante "tem de ter, na sua construção, um conjunto de peças perfeito para poder atravessar a membrana celular e mitocondrial e assim chegar a este componente das células, essencial à vida".

À semelhança de um jogo de Lego, os investigadores testaram várias peças e conseguiram identificar "uma peça ideal que permite, após modulação química, a obtenção de antioxidantes inovadores direccionados para a mitocôndria, com baixa toxicidade e com efeito neuro-protector".

No início desta construção encontra-se a estrutura de um antioxidante natural: o ácido cafeico, que está presente no café, na fruta e nos vegetais.

No entanto, este tipo de antioxidantes "não consegue chegar à mitocôndria, e também não possui propriedades físico-químicas que garantam uma biodisponibilidade adequada", podendo ser "facilmente excretados", esclarece a investigadora do Centro de Investigação em Química da Universidade do Porto (CIQUP).

Nesse sentido, a equipa testou diferentes peças para levar o ácido cafeico para a mitocôndria e que, simultaneamente, substituíssem o catião trifenilfosfónio que, apesar de ser o "mais usado para garantir a entrada de um composto" na mitocôndria, pode tornar-se "tóxico para as células"

"Tínhamos de garantir que as peças introduzidas não apresentavam toxicidade. Para isso usámos neste estudo duas linhas celulares: uma neuronal e uma hepática - porque também teríamos de avaliar se os antioxidantes provocavam danos ao nível do fígado, que é o nosso principal sensor de toxicidade", sustenta Fernanda Borges.

Depois de várias tentativas, a peça que apresentou os "melhores resultados" foi o catião derivado de isoquinolina.

"Conseguimos obter um antioxidante que entra na mitocôndria, mas que não causa danos tóxicos", acrescentam os investigadores, notando que este antioxidante revelou um "efeito neuro-protector nas células".

No âmbito do Programa Pessoa, da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), os investigadores vão agora, em parceria com a Universidade de Montpellier (França), testar a eficácia destes antioxidantes em modelos `in vivo'.

O estudo, que resulta de uma investigação com mais de 10 anos centrada no desenvolvimento de novos antioxidantes, contou com a colaboração de investigadores da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra e da Universidade de Santiago de Compostela, em Espanha.

SPC // MSP | Lusa


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