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Parada do Dia de Portugal teve participação de milhares de portugueses e luso-descendentes
Já antes das 9h00 da manhã de sábado (10) se notava uma agitação diferente em termos do número de pessoas que circulavam na Dundas Street West em Toronto, mais especificamente no troço conhecido por Little Portugal, entre a Lansdowne e o parque Trinity-Bellwoods. Tudo fazia crer que a edição deste ano da Parada do Dia de Portugal seria uma das maiores de sempre, pelo menos em termos de público, que se juntava em grande número, criando autênticos aglomerados de gente ao longo da via habitualmente percorrida pelo desfile. Isso mesmo se veio a confirmar quando, poucos minutos passavam das 10h00, se deu início ao cortejo etnográfico, tão caracteristicamente representativo da cultura e tradições portuguesas neste país. "Este é o verdadeiro amor a Portugal", "Aqui sente-se Portugal", "Viva Portugal", "Nós somos grandes" e frases semelhantes ouviam-se pelo caminho, proferidas por espectadores que, junto aos passeios, agitavam a bandeira nacional, quase sempre vestidos nos tons de vermelho e verde que identificam a nação portuguesa. A par das cores do estandarte nacional e do colorido dos fatos dos ranchos folclóricos e das bandeiras de clubes e associações, a alegria que se sentia nas ruas era contagiante, dando mais energia a um desfile que honrou certamente a comunidade lusa e mostrou o que Portugal representa, mesmo para quem, por necessidade ou opção, escolheu este país para começar uma nova vida. Aliás, esse era o objectivo, como nos disse José Eustáquio, presidente executivo da ACAPO, organização responsável pelo desfile, que indicou à nossa reportagem que esta terá sido "uma das maiores paradas de sempre", sempre "com muita gente a assistir". Em declarações ao jornal Sol Português, o dirigente desta organização de cúpula que representa os principais clubes e associações portuguesas do Ontário esclareceu que a decisão de realizar a parada durante o festival Do West Fest contribuiu ainda mais para o sucesso do evento. "Este ano fizemos um casamento entre a nossa associação e a Little Portugal BIA e este desfile português provou que foi o caminho certo pois, para além de muitos portugueses, tivemos nas ruas muita gente de outras nacionalidades que assim se apaixonaram por Portugal e pela nossa comunidade", referiu José Eustáquio. "Este ano a Parada de Portugal, e mesmo depois de termos saído de uma pandemia que deixou marcas profundas, foi das melhores de sempre", opinou, indicando ter ficado "a ideia clara de que o associativismo luso-canadiano não morreu e está bem vivo". "Esta é uma comunidade brilhante e está muito efervescente", asseverou o responsável da ACAPO. Integrados no desfile do 10 de Junho em Toronto, além de entidades oficiais portuguesas, estiveram representantes dos três níveis de governação canadiana, nomeadamente dos poderes federal, provincial e autárquico. A lista de dignitários que marcharam ao longo da Dundas Street West integrados no cortejo e que marcaram também presença junto ao monumento onde no final se prestaria a habitual homenagem aos voluntários, incluiu os deputados provinciais Chris Glover (Spadina-Fort York) e Marit Stiles (Davenport); os deputados federais Julie Dzerowicz (Davenport), Charles Sousa (Mississauga-Lakeshore) e Peter Fonseca (Mississauga Este-Cooksville); assim como a nova vereadora da Câmara Municipal de Toronto eleita por Davenport, Alejandra Bravo. | |||||||||
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Integraram ainda o cortejo como elementos de honra os dirigentes da ACAPO, Katia Caramujo (presidente do Conselho de Presidentes) e José Eustáquio (presidente Executivo); a presidente da Little Portugal BIA, Anabela Taborda; o conselheiro da diáspora dos Açores no Ontário, Matthew Correia; e o novo cônsul-geral de Portugal em Toronto, Joaquim do Rosário. De Portugal, e para além de três deputados do Partido Socialista, nomeadamente Francisco César, Paulo Pisco e Eurico Dias, viajou para o Canadá a ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, que representou o Estado Português na parada e na homenagem aos voluntários portugueses. As imagens captadas, muitas das quais reproduzimos nesta reportagem para apreciação dos leitores, são demonstrativas da extensão e impacto desta realização onde o melhor de "Portugal" esteve na rua e à qual mais uma vez o jornal Sol Português disse "presente", para projectar a dimensão da comunidade portuguesa e fazer um registo para a posteridade. Por se estar actualmente a comemorar também 70 anos da chegada oficial dos pioneiros da imigração portuguesa para o Canadá, foram vistas no desfile muitas alusões a essa temática, evocando aqueles que abriram as portas e lançaram as primeiras pedras para a edificação desta que viria a tornar-se numa das grandes comunidades étnicas no país. Contando mais uma vez com o forte apoio da LIUNA Local 183, o desfile abriu com um grande contingente de sócios deste que é o maior sindicato da construção civil da América do Norte e que representa muitos milhares de portugueses e luso-descendentes que trabalham no sector. Os sindicalistas desfilaram juntamente com os seus colegas da Local 506, outra das filiais sindicais da LIUNA, e tendo à frente a Banda do Sagrado Coração de Jesus, que há já alguns anos acompanha o cortejo do sindicato. Integrado ainda neste enorme grupo inicial estavam os convidados de honra e entidades oficiais que participaram no desfile deste ano. Seguiu-se a participação da Federação de Empresários e Profissionais Luso-Canadianos (FPCBP, na sigla em inglês) e da comitiva que acompanhava a luso-canadiana que concorre à presidência da Câmara Municipal de Toronto, Ana Bailão, que apelava ao apoio e ao voto da comunidade luso-canadiana nas eleições intercalares a 26 de Junho. Imediatamente atrás, a Banda do Senhor Santo Cristo antecedeu a passagem dos carros com elementos da equipa do jornal Sol Português e Golo, seguidos pelas comitivas do Abrigo Centre, Rancho Folclórico Ribatejano de Toronto, Rancho Folclórico da Nazaré e First Portuguese Canadian Cultural Centre. Logo depois, e a darem também um colorido especial ao cortejo português na Dundas Street West, desfilaram a Associação Cultural do Minho de Toronto, a Luso-Can Tuna, a Casa das Beiras de Toronto, o Clube Académico de Viseu de Toronto e o Asas do Atlântico Sports and Social Club, bem como o Centro Cultural Português de Mississauga, o Grupo Folclórico Transmontano e o Grupo de Escuteiros 78. O muito público que assistia de ambos os lados da rua apreciou também as representações da Casa da Madeira de Toronto e da Luso Canadian Charitable Society, o Rancho Folclórico As Tricanas e a Instituição de Caridade Magalhães, que mais uma vez aproveitou a oportunidade para divulgar aquele que será o primeiro lar de idosos português a construir em Toronto. O Grupo Coral Mariano abriu a segunda parte do desfile, seguindo-se a Associação Migrante de Barcelos que, a par dos trajes tradicionais, foi acompanhada também por uma representação do seu grupo de motards, os Moto-Galos. Logo atrás seguiam o Rancho Folclórico Os Camponeses de Toronto, a Casa do Benfica de Toronto, o Arsenal do Minho e o Parkdale Flames Hockey, sendo ainda de destacar a participação de grande número de jovens da Academia do Sporting F.C. de Toronto. Integraram ainda o cortejo as representações do Portuguese Cultural Centre of Vaughan, da Academia de Futebol do Gil Vicente, do Graciosa C.C. de Toronto e da Casa do Alentejo de Toronto, que não se esqueceu de destacar todas as suas actividades, incluindo a sua escola de língua portuguesa. | |||||||||
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Com o cortejo a chegar ao fim, não faltaram também o Rancho de Rabo Peixe e o Rancho Províncias e Ilhas de Hamilton, e as representações do Little Portugal BIA, do Arco íris e da Escola Portuguesa Novos Horizontes. O Portuguese Ball Hockey Association, a Liga dos Combatentes - núcleo do Ontário, a Associação Cultural 25 de Abril de Toronto e os cavaleiros que representaram a escola de equitação Cavalos Lusitanos (Canadá) encerraram a Parada deste ano, que abrangeu um total de 48 representações, emblemáticas de diferentes sectores de actividade cultural, social, beneficente, profissional e desportiva. Foi, sem dúvida, uma grande manifestação de portugalidade que juntou dirigentes e voluntários dos clubes e associações da Área da Grande de Toronto para manifestarem o carinho e a saudade que têm para com o país de origem e que têm sempre no coração. "Depois da pandemia, esta força de Portugal na rua é uma demonstração clara de que a nossa cultura está enraizada no Canadá", dizia-nos com entusiasmo Katia Caramujo, ao mesmo tempo que afirmava que "olhando para a quantidade de jovens nas ruas a envergarem as cores de Portugal, podemos crer que não morremos, e não vamos morrer tão depressa" como comunidade. Também Laurentino Esteves, que é um dos membros activos da ACAPO, enalteceu o contributo de todos para a realização desta Parada. "Devemos estar gratos a toda esta gente que veio para a rua, quer os participantes, quer o público que este ano, e de novo, mostraram de que sangue e de que têmpera é feito o povo português", indicou, afirmando ter sido "uma das maiores paradas de sempre, se olharmos para o número de pessoas nas ruas". Como nos disse também José Eustáquio: "Depois de anos complicados para a comunidade portuguesa, vê-la aqui feliz, junta e em alegria a festejar o amor à pátria, enche-nos o coração". "Enquanto em Portugal se vai para a praia no feriado, aqui traz-se Portugal para a rua, com o país no coração", afirmou com orgulho e emoção. Há vários anos que a Parada do Dia de Portugal é considerada uma das maiores manifestações culturais etnográficas no Canadá e este ano, entre o público, houve quem interpelasse o jornal Sol Português questionando rumores que circularam sobre uma possível mudança de designação para esta zona da cidade de Toronto. "Como é que querem tirar o nome de Little Portugal? Basta olharmos para isto, para esta grandeza, e perceber que Portugal também mora aqui. Isto também nos pertence. Olhem a força do nosso país", comentava o nosso interlocutor. Recorde-se que em 2017 a Câmara dos Comuns em Otava aprovou, por unanimidade, uma declaração que reconhece Junho como o Mês do Património Português, bem como o 10 de Junho como o Dia de Portugal no Canadá. Idênticas proclamações foram feitas também anos antes pela Assembleia Legislativa do Ontário e pela Assembleia Municipal de Toronto, em reconhecimento do contributo da comunidade portuguesa para o crescimento e a edificação da cidade, da província e do país. A ACAPO, responsável pelas comemorações do 10 de Junho em Toronto – normalmente designadas por "Semana de Portugal" mas que abrangem mais de um mês de actividades – é uma organização sem fins lucrativos que representa 37 clubes e associações luso-canadianas do Ontário e que, segundo os seus dirigentes, quer continuar "a auxiliar e a facilitar a integração de todos os indivíduos de origem portuguesa junto da sociedade canadiana". Os objectivos expressos incluem "continuar a promover e a incentivar o património cultural e histórico de Portugal no Canadá, e promover uma verdadeira interacção entre a comunidade portuguesa", sendo a "promoção da cooperação mútua entre organizações portuguesas e organizações de língua portuguesa" considerada fundamental, a par do apoio às "organizações e clubes portugueses". A Parada do Dia de Portugal 2023 terminou e foi considerada um "sucesso", mas a actividade desenvolvida ao longo de todo ano pelos 37 clubes e associações membros da ACAPO continua, procurando preservar e elevar a cultura e as tradições portuguesas no Canadá. | |||||||||
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