1ª PÁGINA


Casa dos Açores do Ontário comemorou Dia Internacional da Mulher

Por Rómulo Ávila

Sol Português

A Casa dos Açores do Ontário (CAO) celebrou no passado sábado (11) o Dia Internacional da Mulher, colocando o enfoque no papel do sexo feminino na sociedade sem olvidar a contribuição da mulher açoriana.

Falou-se assim de Natália Correia, açoriana de renome, mas também de todas as mulheres cujos rostos não são conhecidos e que representam, da melhor forma, a construção duma sociedade.

Fátima Bento, na sua missão dupla de presidente da Assembleia-Geral da CAO e mestre-de-cerimónias nessa noite, deu início ao evento que juntou um bom número de participantes, muitos deles casais que pretenderam desta forma comemorar e reflectir um futuro que só será ideal dignificando o papel da mulher.

A máxima representante da colectividade açoriana abordou na sua intervenção inicial o contexto histórico do dia que se celebrava e deu vivas à mulher que "luta após luta, ano após ano, tem mostrado a sua capacidade de decidir, de intervir e de fazer diferente", destacou, acrescentando ainda que "dar espaço à mulher é dar espaço a uma sociedade mais justa e mais fraterna".

Suzanne Cunha, que preside ao Executivo da CAO e cujos órgãos sociais são um exemplo da actividade feminina, compostos quase na totalidade por mulheres, salientou por sua vez, num discurso curto mas carregado de emoção, que a efeméride que ali comemoravam era "de todas as mulheres açorianas" que se encontravam presentes, "mas também de todas as emigrantes portuguesas".

Dedicando uma palavra ao significado de Natália Correia, açoriana de prestígio que outrora denunciou erros políticos, problemas sociais e lutou pela dignificação do poder da mulher, Suzanne Cunha disse querer fazê-lo também por "todas as mulheres, por todas as senhoras de todos os dias", que sem ecos de páginas de jornais "conseguiram ultrapassar barreiras" e vencer obstáculos.

"É de muita importância reconhecer todas as mulheres que trabalhavam e trabalham arduamente nas terras de cultivo e que depois em casa criam os seus filhos. É importante e justo reconhecermos todos as mulheres que foram proibidas de estudar porque eram necessárias nos trabalhos em casa. No entanto, são pessoas bem instruídas e muito cultas", destacou.

Continuando o seu discurso, foi mais longe ao lembrar que "todas as mulheres devem ser respeitadas e honradas, não só as senhoras doutoras, poetas ou escritoras".

Por esse motivo pretendiam nesse dia "agradecer e reconhecer o papel de todas as mulheres na nossa sociedade (...) e agradecer toda a sua sabedoria e toda a sua luta enquanto verdadeiras mulheres", concluiu a presidente da CAO.

Seguiu-se um animado jantar convívio, no decorrer do qual Sol Português teve oportunidade de auscultar a vice-presidente da colectividade, Odília Janeiro, a propósito da importância da comemoração do Dia da Mulher face a uma sociedade hoje mais aberta e inclusiva.

Odília Janeiro lembrou que "o Dia Internacional da Mulher continua a fazer sentido nos dias de hoje (...) para de alguma forma mostrar que a luta da mulher pela igualdade ainda não terminou" e que todos temos um papel importante a desempenhar.

"Faz para nós sentido que os homens também venham", esclareceu, "pois mais do que uma simples homenagem às mulheres, esta nossa festa na CAO pretende contribuir para a reflexão sobre o papel da mulher na sociedade actual. Ainda há salários diferentes entre os sexos, ainda há violência, ainda há desvantagens nas carreiras profissionais", disse.

O resto do serão foi preenchido pela realização dos habituais sorteios e por um espectáculo musical com o artista César Russo, também ele açoriano e residente no Canadá há cerca de nove anos.

Antes de Fátima Bento chamar o cantor ao palco, a nossa reportagem falou com o cantor de 39 anos, natural da Ribeira Grande, São Miguel, que nos disse estar ligado à música desde os 14 anos de idade.

Como nos conta, ainda jovem "já adorava cantar em karaoke e passar música", mas quando chegou ao Canadá teve de deixar de o fazer porque na altura não tinha conhecimentos.

"Felizmente, um ano e meio depois de chegar, consegui voltar à música e hoje em dia já são sete anos a cantar", diz-nos com satisfação.

A propósito da experiência emigrante é peremptório ao explicar: "[quando estava nos Açores] falava-se do que era ser emigrante, mas agora sinto na pele e sei dar valor a tudo isso que muitos diziam sentir".

Passados quase 10 anos desde que aqui chegou e sem nunca visitar a sua ilha no meio do Atlântico, vai voltar a pisar o chão que o viu nascer mas diz-nos não ter, por opção, espectáculos musicais agendados em São Miguel.

"A prioridade nessas duas curtas semanas é visitar a minha terra, estar com a família, estar com os amigos e matar saudades do cheiro a mar e da vivência açoriana", afirmou.

Já com dois CD's editados e actuações em muitos palcos de clubes e associações portuguesas, o artista animou o serão de sábado com um reportório composto por temas regionais, valsas, música portuguesa variada e canções dos anos `80/90.

Como nos dizia momentos antes do espectáculo: "tenho tanto gosto e tanto orgulho em cantar para a nossa gente, e hoje aqui na Casa dos Açores, como sempre, é especial".

As próximas realizações da CAO, segundo apurámos, incluem no próximo dia 25 de Março o terceiro jantar em louvor do Divino Espírito Santo, padroeiro da Casa; o encontro de danças Pascais, a 8 de Abril; o Baile da Primavera, no dia 15 de Abril; e o quarto jantar do Espírito Santo, a 29 de Abril.

Merece ainda destaque o facto deste ano, em comemorações que a CAO se orgulha particularmente de realizar, ser celebrado o Dia dos Açores, a 3 de Junho, bem como as Festas do Divino Espírito Santo, que vão ter lugar em Toronto de 18 a 25 de Junho.


Voltar a Sol Português