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Há que chegar às novas gerações com traduções literáriasEditora norte-americana traduz para inglêslivro do poeta açoriano Álamo de Oliveira
Por Diniz Borges Sol Português
Esta semana apresentamos uma entrevista que dei recentemente ao jornal Açoriano Oriental, de Ponta Delgada, e que foi conduzida pela jornalista Ana Carvalho Melo, a propósito da decisão da editora Bruma publicar, em inglês, um livro do poeta açoriano Álamo de Oliveira.
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Como surge a decisão de publicar o livro "Through the Walls of Solitude"? Esta publicação surge na sequência dos objectivos da recém-criada editora Bruma Publications na Universidade Estadual da Califórnia em Fresno. Parte desses objectivos é a publicação de obras literárias açorianas em tradução. Acreditamos que é importante chegar-se às novas gerações através da literatura, que raramente têm conhecimento da língua portuguesa para lerem uma obra literária. Daí termos traçado um plano para a publicação de várias obras literárias, em poesia, incluindo uma antologia, mas também gostaríamos de publicar ficção narrativa, ensaio e história. A primeira obra que publicámos em conjunto com a Nona Poesia foi "Caligrafia dos Pássaros", de Ângela de Almeida, edição bilingue. A partir deste livro vamos fazer edições em tradução, porém somente na língua inglesa. Considera que era fundamental publicar a obra de Álamo Oliveira? Sim, a obra do Álamo que tem sido publicada em inglês, começando com alguns poemas dele em várias antologias, e o romance "Já Não Gosto de Chocolates", está repleta de marcas profundas que identificam a açorianidade, dentro e fora do arquipélago. A sua obra poética é das mais ricas desta região e é importante que a mesma seja conhecida não só pelos açor-descendentes, mas também pelo publico em geral nos EUA e no Canadá. Como foi o processo de selecção e tradução dos poemas que integram o livro? O processo de selecção, como em todos estes processos, é sempre um tanto ao quanto subjectivo pelo tradutor, porém tentei seleccionar poemas que tivessem um impacto no leitor de língua inglesa e de uma forma particular nos que são de origem açoriana. Consultei alguns conhecedores da obra do Álamo, particularmente o critico literário Vamberto Freitas que escreveu o prefácio. Está prevista a apresentação pública do livro? Sim nos Estados Unidos, no estado da Califórnia temos duas apresentações agendadas, ambas dedicadas aos açor-descendentes e no mundo do ensino. Em Tulare, cidade com uma forte presença de açor-descendentes em colaboração com distrito escolar e alunos das escolas secundárias e na universidade estadual da Califórnia em Fresno através do Instituto Português Além-Fronteiras, onde temos o Centro da Diáspora Açoriana. Gostaríamos de ter outros momentos nas várias comunidades de origem açoriana através do continente norte-americano. Qual a análise que faz da divulgação da cultura açoriana na diáspora? Penso que há cada vez mais uma consciência entre as novas gerações da necessidade de aprofundarem o seu conhecimento sobre a cultura da terra dos seus antepassados. Há que criarmos condições para que esse desejo, não fique pela árvore genealógica e a gastronomia, que são ambos elementos importantes, mas há que fazer-se um outro esforço, aqui na Região, e na Diáspora, para que a literatura, a música, as artes plásticas, entre outras artes tenham o seu espaço. Já há anos que proponho que se interliguem as comunidades, a cultura e o turismo, para chegarmos aos cerca de milhão e meio de açor-descendentes residentes nos EUA e no Canadá, que mais do que uma fonte turística são uma extensão desta região no mundo norte-americano. | ||||
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