Refugiados climáticos poderão ser
realidade dentro de alguns anos
Por Idalina da Silva
Sol Português
Com a ocorrência de alterações climáticas velozes na Europa, especialmente na Península Ibérica, o
termo "refugiado" pode bem voltar a ser a palavra do ano, desta feita devido às mudanças climáticas que
tantos teimam em ignorar.
Verões longos, Primaveras quentes e curtos períodos de chuva, surgem como empecilhos para quem
quer passear nas ruas de Lisboa e saborear o melhor que a cidade tem para oferecer. Só que tudo isto está errado.
A chuva faz falta. O Inverno deve crescer e as meias estações são necessárias, como eram dantes,
quando eram meio frias, meio quentes. Quem vive na cidade alfacinha não quer vir a ter de fugir, numa
busca desesperada por refúgios mais confortáveis, mais pacíficos, mais seguros.
Quando eu era criança, lembro-me de Lisboa ser muito quente no Verão. O clima era abafado, mesmo
muito inconfortável. A alternativa para refrescar era fazer uma curta viagem até à Praia da Torre ou Carcavelos,
entre tantas ao redor da cidade, ou ir passear até à Mata Florestal de Monsanto.
Com o passar dos anos, Lisboa tornou-se mais quente do que nunca. O futuro não está nas cartas,
mas Cláudia Reis, investigadora do Grupo de Investigação em Alterações Climáticas e Sistemas Ambientais
da Universidade de Lisboa diz que viver em Lisboa no Verão será, muito em breve, "completamente insuportável".
Por sua vez, Manuel Banza, analista de dados respeitantes a vagas de calor e refúgios climáticos
alerta para o facto de haver um longo caminho a percorrer em Lisboa para tornar a capital portuguesa mais
sustentável, tolerável e respirável.
Quem mora em Lisboa pode perguntar "Com o calor já instalado, onde podem os lisboetas abrigar-se
das temperaturas extremas?" O analista fez um levantamento dos refúgios climáticos da cidade e diz que
"ainda há muito por fazer".
Porque as palavras têm peso, uma responsabilidade e um significado, todos os anos a Porto
Editora escolhe uma palavra para fazer um balanço do que se passou no ano anterior.
As palavras são também conjuntos de letras, interpretações e memórias. Em 2020, por exemplo, a
palavra do ano foi "Saudade". Em 2021 foi "Vacina" e em 2022 foi "Guerra".
"Refugiado" representou o ano de 2015, devido ao incremento de conflitos armados nos países do
Médio Oriente, particularmente na Síria. Mas não é só a Guerra que pode levar ao abandono do lar e à procura
de refúgio.
Uma palavra por ano, sem ser preciso sequer explicar para compreender. Com uma palavra apenas
fica-se a saber como foi.
Passaram-se sete anos desde que a palavra do ano foi "Refugiado"; quem procura abrigo num lugar
mais seguro e mais pacífico, mesmo que para isso embarque em viagens alucinantes e ponha a própria vida e a
dos seus familiares em risco.
Não sabemos o futuro mas "Refugiado" pode bem voltar a ser a palavra daqui a alguns anos.
Não queremos vir a ter de fugir como os refugiados de 2015, numa busca desesperada por lugares mais
pacíficos, mais seguros. Mais amenos.
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