CANADÁ EM FOCO


Trudeau novamente criticado pela oposição por férias de luxo

Na última semana, a comunicação social canadiana revelou uma nova polémica em torno de férias tiradas pelo Primeiro-Ministro Justin Trudeau, desta feita um descanso de nove dias durante a pandemia de covid-19, no final de 2021 e início de 2022, passados numa luxuosa propriedade pertencente à família do empresário canadiano Peter Green.

As férias no prestigioso Prospect Estate, que já hospedou o ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill e o ex-secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger, entre outras figuras de renome, custou às finanças públicas canadianas pelo menos 162.000 dólares, embora o valor total não esteja ainda contabilizado.

Grande parte desse custo envolve despesas relacionadas com a segurança do Primeiro-Ministro que justificou as férias perante o Parlamento canadiano dizendo que não violaram nenhuma regra de conflito
de interesses, que é amigo pessoal da família Green e que "de vez em quando costuma visitar" os seus amigos.

Trudeau e o dirigente do partido Conservador, Pierre Poilievre, confrontaram-se no Parlamento a respeito deste assunto, com o líder da oposição a acusar o Primeiro-Ministro de estar "fora da realidade" face às dificuldades vividas por muitos canadianos.

Poilievre acusou ainda o chefe de estado de saber que "estes interesses poderosos estão a comprar influência".

A família do empresário dono da estância de turismo é também uma das doadoras da Fundação Pierre Elliot Trudeau, criada em homenagem ao pai do actual Primeiro-Ministro canadiano.

Os directores da fundação, que oferece bolsas de estudos para investigações de doutoramento, renunciaram recentemente aos cargos depois de ter sido noticiado que a instituição tinha recebido dezenas de milhares de dólares de abastados empresários chineses ligados às autoridades de Pequim.

Justin Trudeau diz que não tem qualquer ligação à fundação desde que assumiu funções como Primeiro-Ministro.

Os partidos da oposição realçaram que as férias na Jamaica lançam dúvidas sobre a capacidade de Trudeau liderar o país e são um insulto aos contribuintes canadianos, afectados pelo alto custo de vida e pela inflação.

Um porta-voz do gabinete do Primeiro-Ministro, porém, garante que "o gabinete o Comissário Investigador de Conflitos de Interesse e Ética foi consultado" a respeito destas férias "para garantir que as regras foram cumpridas e que "o Primeiro-Ministro reembolsou o equivalente a uma passagem aérea comercial pela sua viagem pessoal e a dos seus familiares".

Não é a primeira vez que Trudeau está envolvido em polémica devido aos destinos exclusivos que escolhe para fazer férias e que elevam o custo das viagens.

A mais intensa foi em 2016, logo após ter chegado ao poder, tendo sido subsequentemente repreendido pelo comissário de ética por ter passado alguns dias de folga numa ilha particular que o príncipe Aga Khan tem nas Baamas.

O custo dessas férias ultrapassou os 200.000 dólares, segundo documentos do governo.

– RA//VE


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