CANADÁ EM FOCO


Funcionários públicos em greve reivindicam reajustamentos salariais e direito a tele-trabalho

Reajustamentos salariais e uma maior aposta no tele-trabalho são dois dos principais pontos reivindicados pelos trabalhadores da função pública canadiana que entraram na passada quarta-feira (19) em greve e que está a afectar, entre outros, os serviços de passaportes, imigração e impostos.

Cerca de 155.000 funcionários, praticamente um terço da função pública federal, estão em greve, numa acção considerada uma das maiores paralisações das últimas décadas no país.

A acção laboral surgiu depois de meses de negociações com o governo do Primeiro-Ministro Justin Trudeau a respeito das reivindicações dos funcionários que trabalham para o governo federal e que são representados pela Aliança da Função Pública do Canadá (AFPC, na sigla em inglês).

O sindicato anunciou não ter chegado a um acordo com o governo e avançou com a greve, que afecta pelo menos 150 escritórios e repartições ligadas ao fisco, à emissão de passaportes e aos serviços de imigração em todo o país.

"Queremos o tele-trabalho e um aumento salarial", afirmou à comunicação social uma funcionária pública que trabalha em Montreal.

"Adaptámos praticamente toda a nossa vida ao tele-trabalho e não queremos perder duas horas nos transportes", acrescentou.

Para além dos sectores já referidos, e que são os principais afectados, o protesto abrange também uma parte dos inspectores de cereais que trabalham no portos canadianos.

"Esperávamos não sermos obrigados a entrar em greve, mas esgotámos todos os mecanismos para chegar a um contrato colectivo justo", argumentou o presidente da AFPC, Chris Aylward, salientando que a paralisação continuará "até que o governo aborde as nossas principais necessidades na mesa de negociações".

A AFPC exige um aumento salarial de 13,5% ao longo de três anos para aliviar os efeitos da inflação, enquanto que o governo propõe 9%.

O sindicato pede, em particular, maior flexibilidade para o tele-trabalho, uma vez que os funcionários, a maioria dos quais trabalha remotamente a tempo inteiro desde a pandemia de covid-19, não quer agora ter de trabalhar dois ou três dias por semana no escritório.

"É importante que os sindicatos voltem à mesa de negociações", disse o Primeiro-Ministro a propósito da paralisação.

Embora tenha reiterado apoiar o direito à greve, Justin Trudeau lembrou que "os canadianos vão perder a paciência se o processo se arrastar".

O último antecedente para um movimento laboral desta magnitude no país remonta ao ano de 1991.

– RA//VE


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