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25 de Abril:

Associação 25 de Abril pede preservação da Democracia contra os "saudosistas da ditadura"

O capitão de Abril Rodrigo Sousa e Castro instou terça-feira (25) os participantes no desfile comemorativo da Revolução a exigir a preservação da democracia, numa altura em que "saudosistas da ditadura" minam as instituições e promovem o ódio.

Rodrigo Sousa e Castro falava em nome da Associação 25 de Abril, no Rossio, em Lisboa, no final do tradicional desfile popular que terça-feira à tarde percorreu a Avenida da Liberdade, em Lisboa, para assinalar o 49.º aniversário da revolução de 25 de Abril de 1974.

"Numa altura em que os saudosistas da ditadura, da guerra e do colonialismo, aproveitando os mecanismos democráticos, minam insidiosamente as instituições, manipulando as legítimas aspirações populares, voltam a trazer para a sociedade portuguesa o discurso do ódio e da xenofobia e praticam o desrespeito pelas mais elementares regras democráticas, temos que exigir aos órgãos de soberania que cumpram os seus deveres, particularmente aos Tribunais, que apliquem as leis que preservam a Democracia", disse o agora coronel.

O antigo capitão considerou ainda que a participação no desfile "é a prova da tolerância que deve informar a prática democrática, a prova de que a diversidade e a inclusão, o civismo e o humanismo são os valores de Abril proclamados pela Revolução".

Salientou que a revolução criou "condições para que novos países se tornassem independentes" e se afirmassem internacionalmente, "instituições democráticas, liberdades políticas e um país seguro e pacífico".

No entanto, "onde estão as medidas para combater as desigualdades e garantir equidade e justiça social? E até onde desistimos da regulação da economia de modo a não privilegiar apenas interesses meramente privados em vez de a colocar prioritariamente ao serviço da comunidade? Até onde falhámos ao permitir a continuação de velhos corporativismos e a emergência de novos? E de grupos de pressão que reduzem a democracia, abafam a criatividade e desprezam o mérito?", questionou.

Sousa e Castro evocou ainda os três militares de Abril Otelo Saraiva de Carvalho, Melo Antunes e Salgueiro Maia, "pela sua acção e pelas excepcionais qualidades demonstradas antes, durante e após a acção militar libertadora".

"Otelo pela sua pertinácia e eficácia organizativas", Melo Antunes, "o cidadão militar", que com a sua "inteligência, cultura e visão lúcida" deu ao Movimento dos Capitães "um programa político essencial, que abriu caminho à democratização inspiradora da Nova República", e Salgueiro Maia, "aquele que, de entre nós, melhor representou e desempenhou a acção libertadora no terreno do confronto com as forças que apoiavam a ditadura".

De Otelo, Sousa e Castro afirmou que foi "vilipendiado em vida e desprezado na morte pelos poderes instituídos, que a sua acção revolucionária deu à nascença" e de Salgueiro Maia destacou que foi "incompreensivelmente maltratado pela própria instituição militar, menosprezado por alguns detentores do poder político", mas fica na memória "como um valente e no coração do povo como sua pertença".

RCS // SF | Lusa


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